quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Plantinhas que adoro: lavanda

A Lavandula angustifolia, conhecida como lavanda inglesa, alfazema ou simplesmente lavanda é uma espécie adaptada ao Brasil. De origem da região Mediterrânea, é amplamente cultivada na Europa com a finalidade de se extrair óleo essencial com propriedades medicinais e aromáticas de amplo uso na indústria cosmética e que faz a fama de uma das regiões mais lindas da França, a Provence (veja o site oficial da Rota da Lavanda www.grande-traversee-alpes.com/fr/je-voyage/par-la-route/les-routes-de-la-lavande.html). Também pode-se das folhas fazer um chá com propriedades relaxantes.
Aprecia pleno sol e baixas temperaturas (é uma excelente escolha para os jardins subtropicais). Prefere os canteiros aos vasos, em solos fertilizados com adubos orgânicos. Em canteiros, podem desenvolver touceiras de mais de 1 m de altura.

As flores lilases, da variedade mais conhecida, apresentadas em inflorescências do tipo espiga, podem aparecer nas cores branca, rosa e roxa em variedades menos comuns no Brasil. Aparecem durante quase todo o ano, mas com mais intensidade no início da primavera. Aquelas que restam durante o inverno são visitadas pelos beija-flores como alternativa de obtenção de alimento durante esta estação. As flores também são uma opção para quem gosta de atrair insetos para o jardim.

A lavanda pode ser podada para revigorar a planta e a floração, feita nos meses de inverno. Particularmente tenho feito podas parciais para não deixar os beija-flores sem esta fonte de alimento. 
Pode ser utilizada em jardins de vários estilos e com diversas propostas: de ervas, de sensações (por causa de seu aroma maravilhoso exalado no toque ou com a chuva), rupestre, romântico.
É uma plantinha que exige baixos tratos culturais e que tem um efeito paisagístico lindo, pela combinação da suavidade das inflorescências, da cor branco-tomentosa das folhas e do perfume. Além disso, pode ser colhida para fazer chás e para decorar o ambiente interno da casa. Desidratada, pode ser utilizada em sachês para aromatização.
Uma dica retirada de um outro blog (http://toqueessencial.blogspot.com/2011/04/sem-estress-com-lavanda.html): "use o óleo essencial em fronhas, roupas de cama, vaporizadores de ambientes ou jogue algumas gotas no piso do box quando vai tomar banho: com o calor da água o agradável cheiro exalará por todo o ambiente."


Lavanda branca, variedade "Alba"
Lavanda rosa, variedade "Loddon Pink"

Jardim & poesia: "Jardim", texto de Rubem Alves

"Um amigo me disse que o poeta Mallarmé tinha o sonho de escrever um poema de uma palavra só. Ele buscava uma única palavra que contivesse o mundo. T.S. Eliot no seu poema O Rochedo tem um verso que diz que temos "conhecimento de palavras e ignorância da Palavra". A poesia é uma busca da Palavra essencial, a mais profunda, aquela da qual nasce o universo. Eu acho que Deus, ao criar o universo, pensava numa única palavra: Jardim! Jardim é a imagem de beleza, harmonia, amor, felicidade. Se me fosse dado dizer uma última palavra, uma única palavra, Jardim seria a palavra que eu diria.

Depois de uma longa espera consegui, finalmente, plantar o meu jardim. Tive de esperar muito tempo porque jardins precisam de terra para existir. Mas a terra eu não tinha. De meu, eu só tinha o sonho. Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes de existirem do lado de fora. Um jardim é um sonho que virou realidade, revelação de nossa verdade interior escondida, a alma nua se oferecendo ao deleite dos outros, sem vergonha alguma... Mas os sonhos, sendo coisas belas, são coisas fracas. Sozinhos, eles nada podem fazer: pássaros sem asas... São como as canções, que nada são até que alguém as cante; como as sementes, dentro dos pacotinhos, à espera de alguém que as liberte e as plante na terra. Os sonhos viviam dentro de mim. Eram posse minha. Mas a terra não me pertencia."
Extraído do site A Casa de Rubem Alves, leia o texto na íntegra em: www.rubemalves.com.br/jardim.htm

Imagem: The Butchart Gardens (http://www.butchartgardens.com/)

Continuação: identificação dos principais grupos de bromélias

Conforme havia prometido aqui, seguem as orientações sobre classificação dos principais gêneros da família Bromeliaceae.
Já havia explicado que esta família é dividida em 3 subfamílias: Bromelioideae, Tillandsioideae e Pitcairnioideae. Segue abaixo um quadro com características dos principais gêneros de cada subfamília que me ajudou bastante na identificação destas plantas. Possivelmente lhe auxiliará também:

Subfamília
Bromelioideae
Gênero Aechmea
Folhas em roseta, folhas com espinhos nas pontas e no ápice da inflorescência
Brácteas da inflorescência vivamente coloridas
231 espécies e 54 variedades botânicas
Aechmea fasciata
Gênero Ananas
Gênero do Abacaxi e dos Abacaxis ornamentais
Ananas comosus
Abacaxis ornamentais
Gênero Billbergia
Folhas em roseta tubular, espinhos visíveis ao longo de toda margem, manchas ou bandas transversais esbanquiçadas
Brácteas da inflorescência sem espinhos, inflorescências de pouca duração
63 espécies e 25 variedades botânicas
Billbergia euphemiae
Gênero Bromelia
Gênero do Gravatá
Bromelia pinguin
Gênero Cryptanthus
“Estrela da mata”, roseta foliar achatada que cresce paralelamente ao solo, folhas com espinhos
Flores brancas, surgem entre as folhas da roseta
53 espécies e 4 variedades botânicas

Cryptanthus acaulis
Gênero Neoregelia
Roseta de folhas abertas, as folhas com espinho tem o ápice retorcido, folhas centrais da roseta ficam coloridas antes da floração
Inflorescência imersa na cisterna
108 espécies e 7 variedades botânicas
Neoregelia carolinae
Gênero Nidularium
Roseta foliar aberta, semelhante à Neoregelia, assim como também tem espinhos pequenos
A inflorescência é envolta de brácteas curtas, que parecem um ninho e dão nome ao gênero
45 espécies e 4 variedades botânicas

Nidularium

Subfamília
Tillandsioideae
Gênero Alcantarea
Folhas em roseta aberta, de grande dimensão, e folhas sem espinhos
Inflorescências alongadas, ramificadas e de grande dimensão
17 espécies
Alcantarea imperialis
Gênero Guzmania
Folhas em roseta aberta e folhas sem espinhos
Inflorescência alongada com o ápice coberto de grande número de brácteas grandes e coloridas
187 espécies e 18 variedades botânicas

Guzmania sp.
Gênero Tillandsia
Folhas em roseta aberta, sem cisterna, folhas sem espinhos e acinzentadas
Inflorescência alongada, com brácteas vivamente coloridas
Bromélias pequenas
539 espécies e 81 variedades botânicas


Tillandsia stricta
Tillandsia cyanea
Gênero Vriesea
Folhas em roseta aberta, semelhante às folhas de Guzmania, folhas sem espinhos e acinzentadas
Inflorescência alongada, com brácteas curtas, por vezes semelhantes a Tillandsia
248 espécies e 40 variedades botânicas

Vriesea sp.

Subfamília
Pitcairnioideae
Gênero Dyckia
Folhas em roseta aberta, acinzentada, folhas ligeiramente suculentas com espinhos rígidos e grandes
Inflorescências alongadas, com flores alaranjadas
121 espécies e 7 variedades botânicas
 
Dyckia sp.


Imagens da internet

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Minhas andanças atrás de jardins IV: o jardim do "Château de Versailles"

"Uma obra colossal", assim começa a descrição do Jardim de Versalhes (em português) no seu site oficial. Realmente, uma das coisas mais impressionantes que já vi.
O palácio fica nas redondezas de Paris e foi edificado para, de certa maneira, afastar o poder real dos tumultos e das doenças que acometiam a população concentrada nos centros urbanos. A construção teve seu início durante o governo do Rei Luís XIV, também conhecido como "Rei Sol".
As obras no palácio seguiram durante a vida dos sucessores, Luís XV e Luís VXI, e foi também palco das rebeliões ocorridas durante a Revolução Francesa.
Os principais nomes das obras de arquitetura e paisagismo do "Château de Versailles" são: o arquiteto Mansart e o paisagista André Le Nôtre.
Le Nôtre inspira paisagistas até os dias atuais. Sua obra em Versalhes cria a estética clássica francesa, priorizando grandes perspectivas, rebaixamento, bosques e broderies nas proximidades do castelo. Também conhecido como "Jardineiro do Rei", suas obras paisagísticas impressionam pelo impacto em relação a tecnologia disponível na época e envolvem alguns dos principais e mais belos jardins do mundo: Vaux-le-Vicomte, Trianon, Saint-Cloud, Chantilly, Saint-Germain-en-Laye, Fontainebleau e Tuileries, do qual farei um post específico, pois nas "Tulherias" bati uma foto com o busto do mestre Le Nôtre.
É bem certo que toda a extravagância de Versalhes foi também motivação para a Revolução Francesa (minha professora costumava dizer que Luís VIX edificou, Luís XV usufruiu e Luís XVI pagou a conta com a própria vida, guilhotinado na "Place de la Concorde"). Porém, quando você está lá, não pode deixar de pensar: "ainda bem que existem excêntricos que tornam reais suas loucuras".



Broderies



Grandes perspectivas


Allée Royale

Topiarias que fotografei especialmente para mostrar aos meus alunos

Allée Royale

Bassin de Neptune
www.chateauversailles.fr/homepage

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Jardins & Natal: as decorações natalinas de Gramado-RS

Neste ano, encerramos o ano nas Escolas Qualifica com um passeio a Gramado-RS. Visitamos o centro da cidade e a Aldeia do Papai Noel.
Os jardins da Aldeia, por um momento, remetem aos Jardins Bizantinos. Os Jardins Bizantinos (ou do Império Romano do Ocidente) marcaram a história do paisagismo porque foram neles que se introduziram maneiras de promover entretenimento aos jardins por meio do uso dos autômatos: equipamentos hidráulicos que funcionavam com base na energia eólica, que se movimentavam mecanicamente e que podiam ser, por exemplo, animais de pedra se movimentavam. Os bonecos de neve, que interagem com o público por meio da neve artificial, remetem aos autômatos bizantinos!

Presépio, centro de Gramado

Rua coberta, no centro de Gramado

Largo da Igreja Matriz São Pedro decorado para o Natal
Em frente à Igreja Matriz São Pedro decorada com um grande anjo sobrevoando a entrada

Em frente à Igreja Matriz São Pedro

Aldeia do Papai Noel
Pinheiros na Aldeia do Papai Noel. Cuidado ao cultivar pinheiros exóticos: onde eles crescem, plantas nativas não conseguem vigorar. Observe como é limpo o terreno por baixo das copas.

As nossas bromélias, ao contrátio, conseguem praticar seu epifitismo mesmo nos galhos de pinheiros exóticos.


Interatividade no jardim: bonecos e neve! Nem gente grande resiste: uma bela maneira de atrair a atenção para o jardim!

Mais neve!

Entrada da Aldeia enfeitada para o Natal

Suzi e o boneco de neve!
 Mais sobre a Aldeia do Papai Noel: http://www.papainoel.com/
Mais sobre Gramado-RS: http://www.gramado.rs.gov.br/

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Identificação dos principais grupos de bromélias

Havia prometido, nesta postagem, que trataria da classificação dos principais gêneros de bromélias.
Como há bastante informação, dividirei o material em duas postagens.
Vai aí a primeira:
A família Bromeliaceae é dividida em 3 subfamílias: Bromelioideae, Tillandsioideae e Pitcairnioideae. Cada uma das subfamílias comporta um grupo de gêneros com distintos hábitos de desenvolvimento:


Subfamílias
Gêneros
Hábitos
T
R
S
E



Bromelioideae

Aechmea


X
X
Ananas
X



Bromelia
X



Billbergia

X

X
Cryptanthus
X

X

Neoregelia



X
Nidularium



X
Quesnelia



X

Tillandsioideae

Alcantarea

X
X

Guzmania



X
Tillandisia



X
Vrisea



X
Pitcairnioideae

Dyckia

X
X

Encholirium

X
X

Pitcairnia
X

X


T: terrestre: na terra ou em folhas que se acumulam sobre o solo (serrapilheira)
R: rupícolas: rochas
S: saxícolas: fendas nas pedras, onde se acumulam materiais orgânicos e rocha em degradação
E: epífitas: árvores
Quanto à forma de nutrição, as bromélias se classificam em:
1.solo-dependentes: sem tanque, não podem reter água, as raízes, então, são funcionais. Exemplo: Dyckia

Gênero Dyckia
2. prototanques: tanques capazes de reter pouca água por tempo limitado, as raízes, então, são funcionais. Exemplo: Ananas, Bromelia

Gênero Ananas 
3. tanque-dependentes: tanques bem desenvolvidos, raízes pouco funcionais, utilizadas para fixação, as escamas foliares, então, são eficientes na absorção de água e nutrientes. Exemplo: Vriesea, Neoregelia

Gênero Neoregelia
4. atmosférias: sem tanque, raízes rudimentares, escamas foliares altamente eficientes na absorção de água e nutrientes. Exemplo: Tillandsia

Gênero Tillandsia

Continua em outro post!